quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Fita Branca

Acabou de ser lançado em DVD um dos melhores filmes de 2009: "A Fita Branca" ("Das Weisse Band", França/Alemanha). Fiz alguns comentários sobre o filme no Multiply: http://eduardoviana.multiply.com/reviews/item/27

sábado, 11 de setembro de 2010

As “celebridades” na política

Ainda sobre o tema do último post, leio que o jogador de futebol Romário (PSB-RJ) deve garantir votos para eleger, além dele, mais dois candidatos. Eu já havia comentado que esta é justamente a razão para os partidos políticos darem guarida a certas “celebridades”. É uma distorção? Sim, mas a culpa é mais nossa, dos eleitores, que dos candidatos e partidos. Antes Romário puxando dois candidatos do PSB que o falecido Enéas Carneiro puxando oito do Prona.

Pedro Sangirardi comentou aqui no Meu Umbigo que “a avacalhação eleitoral reforça o efeito de carnavalização” e que “a galhofa favorece e potencializa o descrédito”. Mas não creio que haja, por parte dos partidos e dos candidatos, galhofa ou intenção de avacalhar. Agem, os primeiros, de acordo com o processo eleitoral brasileiro e com a falta de discernimento dos eleitores. Já os candidatos têm motivos vários, que vão da ingenuidade à esperteza, da verdadeira vontade de servir ao país ao dissimulado desejo de servir a seus próprios interesses.

O problema não está nas pessoas famosas, que têm o direito de candidatar-se, nem nos partidos políticos, que têm o direito de tentar eleger o maior número de correligionários possível. O problema está no processo político; no próprio pleito. Se fosse claro para o eleitor que, ao votar em um candidato, pode estar elegendo outro, talvez ele escolhesse melhor seu representante. Se a votação para cargos proporcionais fosse feita em partidos e não em pessoas físicas, talvez houvesse mais clareza e respeito aos projetos políticos: em vez de votar em uma pessoa que ele mal conhece, o eleitor teria que se deparar com as propostas partidárias para o país.

Por fim, há a dificuldade de o eleitor escolher criteriosamente tantos representantes. Você sabe quantas vezes terá que digitar um número na urna eletrônica no dia 3 de outubro? Seis vezes: para presidente, governador, senador (duas vezes), deputado federal e deputado estadual. É muito. A tendência é que a votação para o Poder Executivo seja privilegiada, em detrimento da escolha de representantes para o Legislativo.

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“Marina. O discurso moralista (sic) pesa mais que a pregação ambiental.” A frase é do jornalista Mauricio Dias na revista Carta Capital de 8 de setembro. Preocupação ética virou mero moralismo agora. Nisto resultou a reação complacente de Lula e correligionários com os protagonistas do “Mensalão”. De lá pra cá, todos os desvios éticos cometidos por políticos (principalmente aliados do PT) viraram meros deslizes, pecadilhos sem importância ou mesmo necessários para o grande fim de se construir um Brasil melhor e mais justo, como nunca antes na história do país. Isto sim é avacalhação.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tiririca sim, por que não?

Leio por aí, em cartas de leitores e mensagens de Internet declarações de revolta ou escárnio ante o fato de serem candidatos a deputado federal pessoas como o palhaço Tiririca, o jogador de futebol Romário, o cantor Elymar Santos e a Mulher Pera (qual a profissão dela?) Suéllem Silva. Não entendo a revolta. Democracia é isso: candidata-se quem quer, vota quem tem e quem não tem juízo.

Por trás da indignação, há uma dose de elitismo. Uma das mensagens que recebi discorria sobre a educação formal dos candidatos. Mudou a legislação? Por acaso agora só podem candidatar-se pessoas com nível superior completo? Seria bom que nossos legisladores tivessem discernimento, bom-senso, honestidade e espírito público, algumas qualidades que não se aprende na escola. Quem disse que Tiririca não pode ser melhor deputado que, sei lá, Paulo Maluf? Quem garante que a Mulher Pera não seria mais honesta que, digamos, Joaquim Roriz?

A verdade é que os partidos políticos só dão abrigo a algumas destas “celebridades” com o intuito de juntar voto para a legenda (e, assim, eleger outro deputado). Mas cabe exclusivamente ao eleitor sufragar ou não essas figuras. Não podemos culpar os candidatos por não sabermos escolhê-los. De mais a mais, um Romário pode ser até melhor que um Anthony Garotinho.