domingo, 11 de maio de 2014

Cartas a Laura (V)

LAURA,

Às vezes tudo grita em mim de repente:
paixão, angústia, solidão.
Às vezes tudo salta do silêncio.
Como a flor do Ipê que sobressai amarela por entre as árvores de folhas verdes.
Tudo que me seduz,
me tortura.
Todas as emoções em mim explodem.
As casinhas que passam na estrada
me enternecem.
E dentro delas ninguém conhece a minha dor.
Não te ter às vezes me entristece.
Você me esquece enquanto enriquece
num escritório da Paulista.
Quero crer que nada acontece;
o mundo para e você paira à minha vista.
Mas o tempo não espera,
corre.
E a esperança escorre por debaixo da porta.
Às vezes tudo grita em mim
e é como nada.
Como água que se esfumaça e precipita.
“Como uma onda no mar”.
Laura, você sabe, tudo passa...
só você teima em me habitar.

[29.07.1995]