quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ascenção e queda de Eike Batista

Começo a ter pena do Eike Batista. Há um tempo atrás, quando o empresário abria uma empresa atrás da outra com sonhos de magnata, era tratado como visionário, audacioso, um exemplo do empresário moderno de que o Brasil precisava. Todos acreditavam em Eike Batista (ainda que sua holding só tivesse promessas). A mídia o incensava. Os governantes eram seus amigos. Agora, que seus projetos começam a fazer água, todos querem vê-lo pelas costas. A CVM o investiga, seus colaboradores e consultores estrelados o abandonam, o governo avisa que não vai salvá-lo.

Imagino que muita gente que embarcou na euforia das companhias "X", comprando ações que não paravam de se valorizar, deve ter ficado desesperada quando os papéis despencaram na Bolsa de Valores de São Paulo. Os negócios de Eike agora são um abacaxi difícil de descascar. Fundos abutres estão de olho. Empresas estrangeiras podem recolher seus restos. Um banqueiro acostumado ao jogo duro da restruturação de empresas à caminho da falência apareceu no caminho.

O empresário de sucesso, que teve seu nome na lista da revista Forbes de homens mais ricos do mundo, agora é tratado como personagem de carnavais passados: é o ex-marido da modelo Luma de Oliveira. Comprova mais uma vez que a subida é bela e amplamente compartilhada, enquanto a descida é triste e solitária.

Não é exatamente pena do Eike Batista e seu Lamborghini na sala de casa que sinto. O homem viveu como um Nababo a partir dos lucros que suas empresas nunca tiveram. É uma coisa, aliás, que não consigo entender no capitalismo: alguém constrói um conglomerado que não produz nada e fica rico. O que me faz sentir um pouquinho de sei lá o quê (compaixão, apenas na falta de palavra melhor) é essa mudança cruel de posição da mídia e do governo. A mídia, compreende-se, faz estupidamente o jogo de alguns espertalhões do mercado. Aqueles que, provavelmente, ganharam muito com a valorização das ações do grupo "X" e ganharão também agora, com sua catastrófica desvalorização. O papel do governo, por outro lado, é incompreensível. Quanto aos tubarões do mercado, estes sabem o que fazem. Daqui a um tempo, incentivarão outra promessa furada para ganhar com a oscilação da Bolsa. O pequeno investidor, o governo e o país que se danem.

***

P.s.: Quem me conhece sabe que eu cantava essa pedra há anos: um dia, o castelo de cartas do Eike Batista ia desmoronar. Pois agora aviso que algumas empresas vão se recuperar, ao menos por algum tempo. Sabendo quais empresas vingarão, esta é uma boa época para se investir em ações do grupo. Elas chegaram ao fundo do poço e a tendência é que algumas se recuperem, sob o controle de outras pessoas. Certamente, a valorização será menos eufórica, porém.

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