quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tiririca sim, por que não?

Leio por aí, em cartas de leitores e mensagens de Internet declarações de revolta ou escárnio ante o fato de serem candidatos a deputado federal pessoas como o palhaço Tiririca, o jogador de futebol Romário, o cantor Elymar Santos e a Mulher Pera (qual a profissão dela?) Suéllem Silva. Não entendo a revolta. Democracia é isso: candidata-se quem quer, vota quem tem e quem não tem juízo.

Por trás da indignação, há uma dose de elitismo. Uma das mensagens que recebi discorria sobre a educação formal dos candidatos. Mudou a legislação? Por acaso agora só podem candidatar-se pessoas com nível superior completo? Seria bom que nossos legisladores tivessem discernimento, bom-senso, honestidade e espírito público, algumas qualidades que não se aprende na escola. Quem disse que Tiririca não pode ser melhor deputado que, sei lá, Paulo Maluf? Quem garante que a Mulher Pera não seria mais honesta que, digamos, Joaquim Roriz?

A verdade é que os partidos políticos só dão abrigo a algumas destas “celebridades” com o intuito de juntar voto para a legenda (e, assim, eleger outro deputado). Mas cabe exclusivamente ao eleitor sufragar ou não essas figuras. Não podemos culpar os candidatos por não sabermos escolhê-los. De mais a mais, um Romário pode ser até melhor que um Anthony Garotinho.

2 comentários:

  1. Oi Edu,
    Apesar da liberdade democrática, a avacalhação eleitoral reforça o efeito de carnavalização, que não é nada bom para a educação política da população. A galhofa favorece o potencializa o descrédito. O escárnio tenta em vão esconder a desesperança, como aqueles que riem quando são dominados pelo desespero. A contaminação da política pelo vírus da celebrização gera distorções perigosas para a sociedade. As celebridades precisam se conscientizar de que, apesar de terem em comum com os políticos a necessidade da visibilidade pública, as semelhanças cessam por aí.

    Obs: O caso do Romário é particularmente grave, pois é notório que está falindo. Para alguém que nunca demonstrou interesse pela vida partidária, a coincidência dos fatos parece suspeita.

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  2. Quase três anos se passaram, meu caro Pedro, algumas destas celebridades foram eleitas e surpreenderam positivamente até quem deles escarnecia.

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